domingo, 12 de junho de 2011

RESUMO DA ÓPERA


A pedidos, aqui estão os arquivos de celular.

Primeiro semestre. Apesar do início tardio das oficinas, progressos a um mês do recesso.


Recadinho para o grupo II

Para emocionar o público o texto dramatúrgico deve primeiro emocionar o ator. Quando essa primeira emoção não ocorre, talvez seja o momento de deixarmos esse texto e partirmos para um outro.

O ator se comunica não apenas através de um texto decorado. O corpo e a alma interagem com o espaço cênico e também com a plateia. E para se chegar a isso é necessária muita disciplina, isso mesmo, disciplina. É quase como o treinamento de um atleta: exercícios de aquecimento vocal, técnicas de respiração, dicção, projeção de voz, empostação, expressão corporal e acima de tudo tem que mergulhar no texto e compreendê-lo profundamente .

Por isso ator tem que estudar a fundo o texto e aceitar as intervenções do diretor. Na verdade, o diretor teatral é a cara que não aparece no dia da apresentação, mas cabe a ele ser o primeiro espectador e apontar o que está bom ou ruim, é ele quem tem a encenação montada na cabeça, o diretor é o primeiro crítico da peça.“ O texto é a partitura, o diretor é o maestro e o ator é o instrumento”. Não há nada pior que desafinação, por isso os ensaios são imprescindíveis.

Na última oficina com o Grupo II, quarta-feira, ensaiamos a peça inteira, levamos um bom tempo nisso. Mas o texto ainda não está na ponta da língua, falta concentração, disciplina, trabalho em equipe, afinar um elenco é muito complicado, não é de uma hora para outra que tudo fica no mesmo compasso, no mesmo tom. Precisamos manter o silêncio, com atenção em todos os movimentos de quem está em cena para ajudá-los , prestar atenção em quem entra e sai de cena, ou seja, precisamos de muita, mas muita concentração.

Como é difícil todos ficarem quietos, sempre há um burburinho, alguém fala, um barulho e esquecem de ter respeito pelos que estão em cena. Por que será que é tão difícil manter a concentração? Por que temos que travar uma batalha em todos os ensaios para conseguir seguir adiante?

Por tudo isso, deixei os pequenos à deriva na última aula, intervi muito pouco ou quase nada e me cobraram que pegasse no pé dos que estavam atrapalhando. (Eu ri. Ah, os pré-adolescentes e a necessidade de terem os pés pegados). Disse e repito, nossos encontros nas oficinas não devem lembrar relações sedimentadas em sala de aula, nas quais o aluno acha que cabe sempre ao professor “pegar no pé” daquele que atrapalha. Estamos lá para nos divertir, para aprender juntos. Todos sabemos que é preciso concentração, não devo, tampouco quero, ser o responsável pela “ordem”, muito chato isso.

Mas já fiquei sabendo que meu silêncio durante a oficina e a conversa que tivemos na roda do final rendeu. Vocês ficaram chateados por eu considerar prematura a possibilidade de encenação de um texto e estão brigando por ele. Salve! Isso é nobre! Que venha a próxima quarta-feira.